Por vontade e mérito da Rainha D. Leonor, em 1485 nasce nas Caldas da Rainha o primeiro Hospital Termal do Mundo, em torno do qual surge uma povoação que preserva a sua identidade assistencial e uma profunda ligação à saúde e bem-estar que se mantém até aos dias de hoje.
A ação visionária da Rainha D. Leonor, mulher do Rei D. João II, que levou à construção de uma unidade hospitalar que, à época, respondia já, de forma moderna e científica, à cura pelas águas, ganhava contornos pioneiros de um verdadeiro Humanismo na Europa, assente na prestação de cuidados de saúde e na componente assistencialista, perante as populações mais desfavorecidas.
O carácter Humanista do Rei D. João II e da Rainha D. Leonor, que marcou as Caldas da Rainha, foi também visível na fundação das Misericórdias, cuja missão se prolonga até aos dias de hoje, e na construção do Hospital de Todos os Santos, em Lisboa, marco inicial de uma assistência centralizada, pois resultou de um processo de negociação com a Cúria Papal com o intuito de centralizar todos os pequenos e ineficientes hospitais de Lisboa num grande Hospital.
Caldas da Rainha desenvolve-se assim, ao longo dos séculos, em torno do Hospital Termal, destacando-se dois momentos fundamentais: o primeiro, no século XVIII, com a profunda requalificação do Hospital Termal, por iniciativa do Rei D. João V, numa notável associação à época iluminista de então e um maior aprofundamento científico das águas e das suas propriedades; e o segundo momento, com a transformação protagonizada por Rodrigo Berquó, conhecido como o “arquiteto das termas”, mentor da grande modernização e ampliação do complexo termal, através de um projeto com impacto também na cultura e turismo da época.
Ainda no século XIX, assistiu-se à construção do Hospital Santo Isidoro, instituído por legado do benemérito Isidoro Alves de Carvalho Aguiar e concebido por Rodrigo Berquó seguindo os mais modernos conceitos de então. Esta unidade de saúde esteve em funções até 1968, data da entrada em funcionamento do Hospital Distrital das Caldas da Rainha.
Obedecendo já a outras exigências hospitalares por parte da população, o século XX viu nascer um novo Hospital, cuja construção se inicia em 1958, sendo inaugurado em 1967, evoluindo para Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (CHCR), em 1971, no qual foi integrado o Hospital Termal Rainha D. Leonor, desde então alvo de reorganizações diversas.
Cinco séculos volvidos, e com incontáveis transformações sociais e políticas registadas na história da região, de Portugal e do mundo, mantêm-se as necessidades na prestação de cuidados de saúde e assistencialismo público, enquanto bem essencial para a população, premissas fundamentais na fundação das Caldas da Rainha cidade que rapidamente evoluiu e cresceu para o mundo, feita de abertura e de hospitalidade, favorecendo as relações entre os seus cidadãos e visitantes, pendor pelo qual a cidade é hoje reconhecida e que está no seu ADN.